terça-feira, 8 de outubro de 2013

O Homem Perfeito

A legalização do divórcio, embora não seja desejável, representou, de fato, um avanço para a sociedade, já que permite que relações matrimoniais deterioradas possam transformar-se em belas amizades, quando há sensatez de ambas as partes. Por outro lado, a banalização deste instrumento, constitui um problema de nossa sociedade.
Independentemente da instituição do casamento, percebe-se hoje que muitas relações são desfeitas pela busca incessante de um parceiro sem defeitos. Ora, tal não existe, já que não há ser humano perfeito. Contudo, há os que creem que o outro vive mais feliz e que goza de um relacionamento livre de qualquer espécie de sofrimento ou incômodo, menosprezando assim suas próprias relações, ao invés de compreender as limitações do companheiro ou da companheira, buscando valorizar o que este tem de bom para ofertar.
É verdade que muitas relações acabam por tornar-se insustentáveis, porém muitas outras terminam de modo precipitado, quando se busca em uma nova relação a solução dos problemas da relação anterior, como se nossas próprias limitações não migrassem conosco de uma relação para a outra. Muitas vezes o problema com nossas relações somos nós mesmos e buscar salvar um relacionamento que já existe pode ser mais coerente que tentar partir para um novo.
O poema abaixo fala disso e, embora seu título seja "O Homem Perfeito", a palavra homem poderia aí ser substituída pela palavra mulher, pois o que está em jogo aqui não é uma questão de gênero e sim de relacionamento entre casais.

O Homem Perfeito

Ele não peca.
Ele não falha.
Não tem medo nem segredo.
Ele é forte, é belo e tem dinheiro.

Inteligente e romântico,
além de bom companheiro.

Não mente, não trai e não nega.

Faz sucesso e tem prestígio.
Tudo resolve e não reclama.
Dizem até que é bom de cama.

Um homem assim tão perfeito,
certamente sem nenhum defeito,
eu afirmo sem receio:
Trata-se do homem alheio.