Sonho Freireano
Opressor
que oprime o oprimido.
Oprimido
que guarda o opressor.
Não
se liberta ninguém da prisão
Com
instrumentos da opressão.
O
opressor se destrói na criança,
e
noutra idade inda há esperança.
Não
é com ódio ou com vingança,
é
com amor e educação
que
se equilibra esta balança.
Mas
não um amor passivo!
É
preciso que seja ativo.
Não
deve ser submisso,
deve
ser subversivo.
Subvertendo
a ordem injusta,
da
fome ante a opulência.
Negando
a obediência
que
aos mais fracos custa,
quando
é cega e conformada.
Mas
eis que seguindo inconformada,
a
criatura inconclusa,
vislumbra
a liberdade,
mesmo
de início confusa.
E a
dúvida impulsiona o medo.
Mesmo
com medo o homem segue,
com
medo que o companheiro o negue
na
luta que ainda prossegue.
Tentarão
calar homens e mulheres,
mas
o diálogo produz
em
cada boca uma luz,
num
questionamento que conduz,
a
compreensão de que sua cruz
não
pesa menos que a de Jesus.
Descobrindo-se em comunhão
como seres da criação
que foram vítimas da opressão
marcham juntos na direção
de sua libertação.
E estes iguais, tão diferentes,
caminham conscientes,
críticos e pacientes,
numa luta permanente
por uma vida mais decente.
E se tudo não passar de um sonho,
companheiros, eu proponho,
sonhemos juntos, não sós,
ou outros sonharão por nós.