terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ainda há luz


Ainda há luz

Os comedores de alma estão em volta,
e ao mesmo tempo dentro de você.
Contemple o individualismo coletivo,
veja o cadáver vivo lucrativo,
que torna a pequenez mais grandiosa,
que cega e tira a visão da bela rosa.

Apesar disso,
ainda vejo a luz no fim do túnel,
porque há algo em ti que ma faz ver.
Há indivíduos com o coletivo comungando,
ressuscitando os mortos vivos desta terra,
encolhendo a pequenez e dilatando o que já é grande,
guerreando sem fazer guerra,
pois acharam dentro de si a rosa que destrói trazendo a vida.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Ultravioleta

O poema abaixo está carregado de simbolismos, gostaria sinceramente que aqueles que o lessem tentassem decifrá-lo e postassem na forma de comentário que interpretação dele fizeram. Quando o escrevi estava imbuído da crença de que as pessoas são todas inteligentíssimas e que, portanto, seriam realmente capazes de decifrar o que eu queria dizer.
Hoje, porém, acredito ainda mais na inteligência das pessoas, não porque eu creia que todas vão decifrar nas palavras abaixo a interpretação que eu quis dar para o poema, mas porque acredito na capacidade que as pessoas têm de ir muito além da interpretação dada por mim. Além do mais, acredito que a minha interpretação é só mais uma e não "a melhor" ou "a verdadeira", pois a função de um poema é libertar e, portanto, o poema não está preso às amarras da interpretação dada por quem o escreveu.
À proposito, se alguém desejar saber qual é minha interpretação deste ou de qualquer outro poema do blog, por favor, faça esse pedido no espaço destinado aos comentários sobre a postagem que contém o poema e eu darei tal interpretação com grande prazer quando fizer a próxima postagem ou adicionando um novo comentário. Só farei isso para satisfazer a curiosidade de alguém que gostaria de saber qual a "minha interpretação" do poema e não para dar "a interpretação" do poema, visto que esta última não existe. Além disso, colocar minha interpretação, sem que esta fosse solicitada, teria o inconveniente de causar a falsa impressão de que não acredito na capacidade do leitor de fazer sua própria interpretação do poema, o que, como já foi esclarecido, não é, de modo algum, verdade.
Segue então o poema.


Ultravioleta
 O monstro cria o Monstro e teme o monstro fruto do Monstro.
O rosto, tapado o Rosto, enxerga um monstro,
não no seu rosto, mas no do outro.
O monstro tem um rosto assustador
pra quem não vê seu Rosto.
É incrível como o rosto teme um monstro,
mas convive com o Monstro sem temer,
porque só um Rosto pode ver outro,
e só o Rosto vê o Monstro sem o temer,
mata esse Monstro
pra ver o Rosto que há no monstro
já sem temer.

Loucos e insanos



Loucos e insanos

Convido agora todos
os homens de boa vontade
a chamar os loucos
de volta à sanidade.

Convido agora os loucos,
que são quem têm mais sanidade,
a chamar os poucos
que ainda têm boa vontade.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

TU


TU

Mais uma vez nasce este sol,
e você sem perceber
por que o peixe está no aquário.

Toda a luz que toca o rosto
vai convidando a renascer
alguém que não conheces,
mas deverias conhecer.
E tu, diante do espelho,
és incapaz de a perceber,
vais, dia após dia,
a maltratá-la sem saber.

Não estás só neste aquário.
Há outros peixes que te cercam.
Por que não abres estes olhos?
Só então perceberás
que há bem mais além dos vidros
que constroem tua prisão,
e que é preciso virar ave
para ampliar essa visão.

Aprendizado à sangue frio


                         Aprendizado à sangue frio

Que maravilha é aprender!
Mais maravilhoso que isso
só amar querer saber.

Mas a pesada voz se impõe dizendo:
– Tu precisas saber isto!

Assassinato!
À sangue frio!
Aniquilando
todo criar,
todo inventar,
todo querer.

Mas ainda jaz em algum lugar desconhecido
o desejo incontido
da curiosa criança que quer ver.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

???????

Olá pessoal! O próximo poema foi aquele que eu considero como meu primeiro poema, com exceção dos poemas que escrevi quando criança a pedido de minhas professoras ou de um soneto que joguei fora porque nem eu mesmo gostei. Eu o escrevi depois de assistir uma aula de literatura em que a professora comentou que o verdadeiro poema é universal e atemporal (é claro que não podemos isolar o poema de seu contexto histórico, mas compreendi perfeitamente o que ela queria dizer). Lembrei também de uma aula de português em que minha professora nos levou uma entrevista em que João Cabral de Melo Neto dizia que gostava de fazer o leitor tropeçar, quer dizer, ele precisava se esforçar para entender o que estava escrito. Cheguei em casa empolgado para tentar escrever um poema deste tipo, deixei umas interrogações no título para pensar qual seria ele depois que o poema estivesse pronto, afinal, sempre tive dificuldade para pensar títulos. Depois do poema "pronto" vi que o título já estava pronto também, este poema, como muitos outros, já foi modificado várias vezes, pois cada vez que eu o lia novamente eu mudava alguma coisa nele. O resultado final foi o poema que segue.


???????

Há já alguns dias que busco escrever
tortuosas palavras de tão tortuosas vidas,
procurando saber o porquê
de dever eu dificultar
para que venhas tu procurar
algo nelas encontrar.

Por que tenho que complicar
pra você me entender?

Me explica! Por favor me explica!
Você não quer saber ou é medo de conhecer?
Eu sei que não é fácil encontrar,
mas tente me compreender.
Eu só quero saber o porquê do porquê do porquê do porquê...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Apresentação

Olá! Sejam todos muito bem vindos ao blog "Versos Tortuosos". Aqui pretendo divulgar alguns poemas meus, os quais há muito tempo desejava divulgar na forma de um livro sob o título "Versos Tortuosos de um Tortuoso Autor". Conheci esta maravilhosa ferramenta de divulgação que é o blog há pouco tempo e tive a ideia de publicar aqui um poema do que seria este livro a cada dia neste blog. Espero que tais poemas possam levar alguma alegria aos corações daqueles que os lerem. Desde já, muito obrigado por terem visitado este blog. Segue abaixo o primeiro poema, o qual não poderia ter outro título senão Apresentação.


Apresentação

E lendo o que escrevo,
os cegos dirão: “tu mentes”.
E ouvindo o que recito,
os surdos dirão: “és louco”.
E falando destes versos,
os mudos dirão: “és tolo”.

Para os cegos fecho os olhos,
aos surdos não escuto.
e para os mudos eu me calo.